Para se escrever uma simples poesia,
é bom que exista no peito,
o frescor das nascentes e o cheiro das maresias,
É preciso chuva de
pensamentos
que molhe os olhos e a alma
é preciso o orvalho prateado das manhãs
cuja temperatura tornam dormentes os pés.
É preciso esperar aquilo que não vai chegar
É preciso lua para
divagar!
É preciso um sonho
que acabará...
Uma luz que certamente se apagará...
Um poeta, vive da
esperança de tudo alcançar,
tudo lhe é permitido,
Até fazer versos!
E quando a alma já
está cansada,
endurecida e trincada
pelo período de estiagem,
pelo período de estiagem,
tal qual um solo que outrora fora leito de um açude
O poeta vive a sua secura,
a ausência de sentimentos,
a ausência de sentimentos,
a fuga das palavras, uma mudez rude,
e quando um poeta silencia, então percebe
que tudo não passou de miragem.
Uma ilusão. Percebe que jamais fora poeta,
apenas conviveu com a
própria aridez ,
e tornou-se mais um flagelado das muitas secas,
E nelas perdeu tudo do nada que tinha,
até mesmo a lucidez.
Dionete Heleno