Vejo a chuva batendo na vidraça da janela
Gotas escorrem em velocidades diferentes
Agradeço a Deus por ela
Agradeço a Deus por ela
por ser boa , fazer germinar as sementes
e fazer com que a a gente
exercite até mesnmo nossa mente
calculando, como que diante de um problema de física,
nessse seu descer, o tempo e a velocidade...
Chuva mansa, que descansa
Chuva forte, que assusta
Chuva intensa, que tudo frustra
Chuva torrencial que tudo inunda
E remete todos à uma tristeza profunda
Mas essa que vejo, é linda e mansa...
Sob ela crianças gritam de braços abertos,
Sob ela crianças gritam de braços abertos,
olhos fechados, pés descalços, riem espertos
Suas mães preocupadas, tentam em vão
Suas mães preocupadas, tentam em vão
parar a brincadeira, com receio de que caiam
ou venham contrair um mal do pulmão...
Vejo idosos agasalhados,
por medo de resfriados
ou até de levar um escorregão...
Mas a cena mais comovente
é de um casal de adolescentes
dançando na chuva com emoção
como se estivessem num grande salão...
Da chuva em si não percebem nada
nem mesmo as roupas molhadas,
apenas ouvem o pulsar do coração,
seus pés parecem flutuar nas poças,
seus passos são cadenciados e suaves
e as mãos são unidas com cuidado e firmeza
como quem tem a certeza
de segurar nelas um coração
e olhar deles então...
é o olhar de quem está alheio ao mundo
apenas expressam intensa emoção
E entre um sorriso e outro,
um beijo e uma declaração
Percebi que a chuva tem um novo poder,
pois consegue a um poeta enlouquecer
Pois a única realidade é que chove...
O resto é alucinação
pois neste meu quarto só existe
a minha solidão,
nem janela
pois neste meu quarto só existe
a minha solidão,
nem janela
e nem sequervidraça,
para que eu possa com as mãos
ao menos desenhar um coração
Dionete
para que eu possa com as mãos
ao menos desenhar um coração
Dionete